O prefeito de Iguatemi, José Roberto Felippe Arcoverde, negou a versão apresentada no final de semana, conforme reportagem do Douranews, de que o Município seja ‘o vilão’ no tratamento aos povos indígenas da aldeia Porto Lindo localizada a cerca de1 0 quilômetros, no município vizinho de Japorã.
A reportagem do Douranews mostrou que o PAM (Pronto Atendimento Médido) de Iguatemi suspendeu atendimentos “pelo convênio que mantinha com a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena)” aos moradores daquela comunidade. Ocorre que o município de Iguatemi não mantém “nenhum convênio com a Sesai atualmente”, segundo oprefeito.
A reportagem mostrou também que o Hospital São Judas Tadeu em Iguatemi recebe R$ 8 mil mensais para internações e que o PAM de Iguatemi é o portal de entrada para estes atendimentos por ser “100% SUS”. “É outra afirmação incorreta”, aponta o prefeito de Iguatemi. “O SUS é o Sistema Único de Saúde, mas cada município tem sua parcela de repasse e é responsável pela sua população, ou seja, lá em Japorã a saúde local recebe os repasses do SUS, mas é aqui em Iguatemi que eles são atendidos, tirando da nossa população o direito de serem atendidas pelo SUS”, de acordo com o prefeito Zé Roberto.
O autor de um depoimento na reportagem publicada pelo site, Dorival Velasquez, morador na Aldeia Porto Lindo, disse que reconhece que Iguatemi sempre atendeu muito bem os moradores da comunidade da Aldeia Porto Lindo e que eles preferem fazer uma pactuação com Iguatemi ao invés de Mundo Novo, pois fica muito mais longe. “Agradeço a você, prefeito Zé Roberto, por nos dar este espaço e abertura dediscutir essa situação. Eu fui contra levar esse convênio para Mundo Novo, e nós preferimos vir pra Iguatemi”, afirmou Velasquez que também é membro do Condisi-MS (Conselho Distrital de Saúde Indígena).
O secretário de saúde de Japorã, Paulo Franjotti, disse ao Douranews que o PAM de Iguatemi é 100% SUS mas que por não ter porta de entrada para os atendimentos para atender os 2.500 indígenas estimados no município tem que ser atendidos fora da cidade.
Pactuação
“Nós queremos ajudar, mas eles só querem nos deixar com o ônus”, relatou Dra. Ivoni Pelegrinelli, até pouco tempo secretária municipal de Saúde de Iguatemi, afirmando que o município vizinho prefere fazer uma pactuação com Mundo Novo ao invés de Iguatemi.
“Tentamos inúmeras vezes a pactuação para atender os indígenas e nenhuma foi aceita pela prefeitura de lá. Em nenhum momento recusamos atender no PAM os casos de Urgência e Emergência, pois o PAM é para isso, inclusive para a nossa própria população, agora eles querem ser atendidos nos casos da atenção básica no PAM daí não dá, pois até mesmo quando vamos enviar nossos pacientes para outros centros temos que passar pela central de regulação para ter direito à usar o SUS em outro município”, ressaltou a secretária.
Ela também disse que o secretário afirmou que teve que buscar médico em Caarapó para acompanhar o deslocamento de um paciente de Japorã para o hospital de Dourados. “Foi a UTI Móvel de Iguatemi que levou este paciente para o hospital em Dourados, o próprio secretário de saúde de Japorã que me ligou pedindo ajuda com o veículo e isso não constou na matéria, deixando nós de Iguatemi como vilão na história”, acrescentou a secretária de saúde de Iguatemi – Ivoni Pelegrinelli.
Franjotti afirmou ao Douranews que parte do problema está relacionado com o impasse fundiário criado em função da disputa de terras entre índios e produtores rurais no município. “Isso não é verdade, pois sabemos que a questão aqui é muito maior, é de saúde que estamos falando, o secretário está equivocado”, ressaltou o prefeito de Iguatemi.
O prefeito de Iguatemi recebeu em seu gabinete na manhã desta segunda-feira (2) o coordenador-chefe do escritório do CTL (Coordenação Técnica Local) da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Iguatemi, Paulo Pereira, acompanhado do moradorda aldeia Porto Lindo, Dorival Velasquez, o coordenador da Sesai, “Carlito”,com a enfermeira Ludelça Dornelles e ainda a ex-secretária Ivoni Pelegrinelli com o atual secretário interino da Saúde, Sérgio Marques da Silva e o procurador jurídico do município Ederson de Castilho.
“Atendemos desde o primeiro dia da nossa administração e fizemos inúmeras tentativas de parcerias com Japorã. Em nenhum momento deixamos de atender os indígenas, mas é preciso que façamos uma parceria, senão não conseguiremos comportar nem a nossa população”, disse o prefeito. Ele também garantiu que está à disposição da comunidade indígena de Japorã e da administração daquele município para arealização de uma parceria entre os dois municípios para solucionar da melhor forma possível o problema de saúde dos indígenas do município vizinho.
Solução
Ao final da reunião, ficou decidido que uma nova reunião, envolvendo lideranças da comunidade indígena, prefeito e secretaria de saúde de Japorã e município de Iguatemi para buscar alternativas para a solução do impasse.
“Temos um grande carinho e respeito pela comunidade indígena de Japorã e queremos dentro das nossas possibilidades ajudar nossos vizinhos, mas é preciso sentar para encontrarmos a melhor solução para o problema e estamos à disposição do prefeito Bispo e das lideranças da aldeia Porto Lindo”, finalizou o prefeito Zé Roberto.