Além da planta de Mato Grosso do Sul, no município de Iguatemi, o frigorífico Frialto (razão social Vale Grande) suspendeu os abates de bovinos também em suas outras unidades espalhadas em cinco Estados brasileiros. Ontem, a rede Frialto oficializou o seu fechamento e entrou com pedido de Recuperação Judicial. Em justificativa publicada pela empresa, o frigorífico alega que a recuperação judicial foi a alternativa encontrada para assegurar a continuidade operacional das unidades frigoríficas em atividade. “O objetivo é preservar o valor de seus ativos enquanto as negociações com os credores, já iniciadas, são realizadas, de modo que a reestruturação financeira possa acontecer de maneira organizada e assim restabelecer uma adequada estrutura de capital, equacionando de forma equilibrada o atendimento de seus credores e a capacidade de pagamento da empresa”, afirma o documento oficial. A empresa, que já demitiu 650 funcionários em Iguatemi, ainda não conseguiu quitar os pagamentos com os pecuaristas que venderam animais nos último três dias antes da suspensão dos abates que aconteceu na última sexta-feira. Preocupado com o impacto econômico que o fechamento do frigorífico pode causar, o prefeito de Iguatemi, José Roberto Arcoverde, esteve na manhã de ontem em Campo Grande para pedir o apoio de instituições e autoridades do setor como a Seprotur (Secretaria de Produção do Estado) e Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS). O prefeito se reuniu ainda com o senador Delcídio do Amaral (PT) e com os deputados federais Antônio Carlos Biffi (PT) e Waldemir Moka (PMDB). As demais autoridades e ao governador do Estado, André Puccinelli, foi encaminhado um ofício solicitando a interferência dos parlamentares com o frigorífico. “Se a planta do frigorífico continuar fechada, nós teremos um impacto econômico muito grande na cidade. O Frialto gera muitos empregos e também absorve a produção de gado de corte da região, por isso viemos buscar apoio na Capital”, afirma Arcoverde. O município tem em média 12,5 mil habitantes e a economia é predominantemente rural. No ano passado, o Frialto contratou a Iposeira Partners para reestruturar sua dívida de R$ 360 milhões. No entanto, o frigorífico, que fatura cerca de R$ 1,2 bilhão por ano, continuava com dificuldade para obter novas linhas com bancos credores. Outro possível fator que contribui para o descontrole do fluxo de caixa da rede foi a exigência de pagamento à vista por parte dos pecuaristas.